As Viagens de Gulliver

domingo, 21 de novembro de 2010

Viagens de Gulliver: da sátira a infantilização

Quem sempre desejou despertar numa história pontos além da narrativa, que desenvolvam a visão crítica do mundo contemporâneo em paralelo ao panorama mundial, pode edificar sua análise em “Viagens de Gulliver

As “Viagens de Gulliver”, de 1726, é um clássico do escritor irlandês

Jonathan Swift, que, primeiramente, retrataria o intuito de um rom

ance satírico, sendo este diversamente alterado para o perfil de histórias infantis.

As idéias e críticas sociais de Swift são indiretamente descritas pelo Sr

. Lemuel Gulliver, um viajante que sai da Inglaterra e passa por terras das mais absurdas: primeira viagem à Lilipute, onde os cidadãos têm estatura de 15 cm; segunda viagem à Brobdingnag, onde os cidadãos são gigantes, colocando o personagem principal em uma situação de inferioridade, comparado ao pequeno polegar; terceira viagem: à Laputa, aos Balnibarbos, a Luggnagg, a Glubbdudrib e ao Japão, na qual descreve o caráter do cientificismo; e, por último, a quarta viagem: ao país dos Huyhnhmns, na qual Swift faz com que Gulliver lance todas as suas críticas á Inglaterra, acompanhado da descrição de uma terra governada por cavalos, postos no lugar dos humanos, na qual a irracionalidade e brutalidade são atribuídas aos homens.

Com todas essas pautas, Viagens de Gulliver não é um instrumento de mero caráter narrativo e de referência à estagnação social da Inglaterra na época. Além disso, Gulliver não é nenhum “Dom Quixote” que se lança em busca da imaginação, mas podemos dizer que tem o mesmo caráter crítico da obra de Cervantes, ou seja, satiriza não só o dominador, que no caso deste seria a mentalidade épica, mas também o dominado pela hierarquia estatal, que seria o leitor cavalheiresco.

Afinal, Swift procura idealizar uma corrente contra o que acha fútil e perverso, como questionar sobre qual o modo correto de se quebrar a casca de um ovo. Além disso, podemos ver que o autor expõe as condenações pelas quais o capitalismo faz do seu criador o seu próprio monstro, principalmente quando o interesse econômico industrial eclodiu na Europa, em que os dominantes tendem a uma ascensão sem fim, sem considerar essa vida direcionada somente para um meio, a da riqueza como fim último, relevando essa criticidade aos olhos de quem não consegue identificar tais pontos em meios além do fabuloso, principalmente com as adaptações que sempre tendem ao extremo imaginário.

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